Um Cruz e Sousa histórico

2 ago

Dissertação analisa a trajetória do escritor catarinense João da Cruz e Sousa (Desterro, 1861 – Rio de Janeiro, 1898) privilegiando o estudo dos seus textos de juventude e, em especial, a sua produção abolicionista.

Nascido na cidade de Nossa Senhora de Desterro (atual Florianópolis), filho de um pedreiro e de uma lavadeira libertos – negros “sem mescla” como dizem alguns biógrafos – Cruz e Sousa viveu os anos finais da luta pela abolição de uma maneira intensa e apaixonada. Para tanto, valeu-se das armas que melhor esgrimia: a pena e a palavra. Seus textos antiescravistas, contudo, revelam-nos muito mais do que o simples interesse de um homem pelos “grandes temas” da sua contemporaneidade. Para além de darem forma e sentido às experiências de um individuo em particular, pode-se dizer que os seus poemas, contos e artigos testemunham, igualmente, todo um universo de práticas e hábitos mentais socialmente construídos e historicamente determinados. Constituem vestígios, traços, marcas de todo um modo de ver e sentir comuns à boa parte da elite cultural brasileira do final do século XIX. Um grupo do qual Cruz e Sousa, a despeito das suas origens sociais, foi, também, um legítimo representante.

Pesquisa inspirada nas perspectivas teórico-metodológicas de Antonio Candido e Raymond Williams frente ao caráter material da criação literária, bem como pelas reflexões de Pierre Bourdieu relativas à escrita biográfica, em “A Cor e a Forma” busca-se entender, de maneira crítica e sem anacronismos, os sentidos que Cruz e Sousa, como um intelectual brasileiro da sua época, teria atribuído à escravidão e à sua própria experiência enquanto militante abolicionista. 

SOUZA, Luiz Alberto de. A Cor e a Forma: História e Literatura na obra do jovem Cruz e Sousa (1861-1888). 2012. Dissertação (Mestrado em História) – Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. 2012. 

Banca Examinadora:

Prof.ª Ana Lice Brancher, Dr.ª. (Orientadora) – Universidade Federal de Santa Catarina

Prof. Adriano Luiz Duarte, Dr. – Universidade Federal de Santa Catarina

Prof.ª Beatriz Gallotti Mamigonian, Dr.ª. – Universidade Federal de Santa Catarina

Prof. Benito Bisso Schmidt, Dr. – Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Prof.ª Maria Teresa dos Santos Cunha, Dr.ª. – Universidade do Estado de Santa Catarina

DATA: 17 de agosto de 2012

LOCAL: Sala 10 do Departamento de História do CFH/UFSC

HORÁRIO: 14 h.

 

 

Encontro 20 de junho

20 jun

Apartir do nosso próximo encontro, uma série de leituras visando uma apreensão mais sistemática da idéia de “materialismo cultural” em Raymond Williams. Para tanto, iniciaremos um ciclo de discussões baseado na leitura de alguns textos introdutórios à sua obra, bem como de outros teóricos da literatura que, de algum modo, estejam em diálogo com o seu pensamento (Chklovsky, Leavis, T. S. Eliot, Bakhtin, Zhdanov, Lukács, Barthes, Derrida, Foucault, entre outros).

Para o dia 20 de junho leremos dois artigos de pesquisadores brasileiros e um texto fundamental do próprio Williams. São eles: “Raymond Williams: pensador da cultura”, de Hugo Moura Tavares; “Afinidades seletivas: uma comparação entre as sociologias da literatura de Pierre Bourdieu e Raymond Williams”, de Enio Passiani; e, finalmente, “A Cultura é de Todos”, de Raymond Williams. A discussão desses três textos servirá como preâmbulo e preparação para o posterior estudo dos livros “Para ler Raymond Williams”, de Maria Elisa Cevasco; “Raymond Williams: Materialismo Cultural”, de André Glaser; e, é claro, as obras do próprio Williams e dos seus debatedores.

Os textos para a reunião do dia 20 de junho estarão disponíveis no xérox do CFH (pasta “História e Literatura”) ou podem ser acessados nos links abaixo:

– “Raymond Williams: pensador da cultura”:
http://www.ufes.br/ppghis/agora/Documentos/Revista_8_PDFs/agora_HUGO_MOURA_TAVARES.pdf

– “Afinidades seletivas: uma comparação entre as sociologias da literatura de Pierre Bourdieu e Raymond Williams”:
http://www.abralic.org.br/anais/cong2008/AnaisOnline/simposios/pdf/053/ENIO_PASSIANI.pdf

– “A Cultura é de Todos”:
http://pt.scribd.com/doc/68474445/A-Cultura-e-Ordinaria1

Literatura propõe conversa com a História

16 maio

“ARTE ENGAJADA NA ARTE…?”

Proposta para uma conversa no Grupo de Pesquisa História, Literatura e Sociedade. | Dia 23 de maio de 2012, às 17h (Sala 310,Bloco D, CFH- UFSC). | Coordenação da discussão: Eleonora Frenkel (Doutora em Teoria Literária pela Universidade Federal de Santa Catarina)

Como o historiador se apropria do texto literário? Esta me parece ser uma pergunta candente para a articulação pensada entre os estudos históricos e a literatura. O texto literário é fonte de pesquisa? O que ele nos informa sobre um contexto histórico-social? O que ele nos diz sobre os posicionamentos ideológicos de quem o escreve? Como ele intervém no campo de batalha da política?

Essas perguntas possivelmente orientem para uma concepção da literatura como meio de expressão, como veículo de comunicação, como ferramenta através da qual o autor tem a intenção de comunicar um sentido e de intervir nos debates de um espaço-tempo determinados através da afirmação de uma convicção. A crítica, por sua vez, talvez se proponha, nessa linha, a desvendar o sentido comunicado, a descobrir a intenção do autor, a reafirmar ou contradizer as convicções expressas.

Posto isso, é provável que se entenda uma oposição entre a dita “arte engajada”, aquela que pactuaria com uma ideologia de esquerda, comprometida com as causas de classes menos favorecidas, e a chamada “arte abstrata”, acusada de hermética, de incompreensível, de elitista, por um pretenso descompromisso com a ação política. Essa seria a clássica oposição entre forma e conteúdo, entre a “mera” elaboração formal de um objeto artístico e a expressão de um conteúdo através da linguagem.

Seria possível diluir essas oposições? Seria possível pensar o gesto político do mote “a arte pela arte”? Vale a pena retomar os deslocamentos provocados por Baudelaire e Mallarmé para pensar a libertação da arte de suas exigências funcionais, bem como as provocações operadas por diversos movimentos de vanguarda artística (futuristas, cubistas, surrealistas…) para dar autonomia a suas criações.

Haveria duas grandes questões a explorar para pensar esses deslocamentos e provocações: a abertura do problema da linguagem como comunicação de sentido e a reflexão sobre a arte como suspensão das convicções discursivas para se tornar espaço de resistência corpórea e de potencialização dos sentidos e significações.

Se a literatura (e a arte) se torna sujeito-objeto de si mesma, se passa a explorar a linguagem de que se faz como um problema e não como um veículo, como um meio que serve para dizer o mundo, se suas concepções e propostas se alteram na modernidade (em relação à concepção clássica da arte como representação, da linguagem como conjunto de signos que contêm a essência das coisas), mudam as perguntas que os estudos históricos farão a ela?

                                                                                                                                                        Eleonora Frenkel

*

***Textos para a conversa estão na pasta “História e Literatura”, no xerox do CFH!

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA:

AGAMBEN, G. Baudelaire e a mercadoria absoluta. In: Estâncias. Belo Horizonte:
UFMG, 2007.
BARTHES, R. Da ciência à literatura. In: O rumor da língua. São Paulo: Martins
Fontes, 2004.
______. Escrever, verbo intransitivo? In: O rumor da língua. São Paulo: Martins
Fontes, 2004.
______. O grau zero da escritura. In: Novos ensaios críticos seguidos de O Grau zero
da escritura. São Paulo: Cultrix, s/d.
______. Literatura e significação. In: Crítica e verdade. Tradução de Leyla Perrone-
Moisés, SP: Perspectiva, 1970.
______. A atividade estruturalista. In: Crítica e verdade. Tradução de Leyla Perrone-
Moisés, SP: Perspectiva, 1970.
______. As duas críticas. In: Crítica e verdade. Tradução de Leyla Perrone-Moisés, SP:
Perspectiva, 1970.
______. O que é a crítica. In: Crítica e verdade. São Paulo: Perspectiva, 1970.
______. Aula: aula inaugural da cadeira de semiologia literária do Colégio de França.
São Paulo: Cultrix, 1993.
BENJAMIN, W. Sobre alguns temas em Baudelaire. In: Charles Baudelaire: um lírico
no auge do capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1989.
______. Experiência e pobreza. In: Magia e técnica, arte e política. São Paulo:
Brasiliense, 1994.
______. O Narrador. In: Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1994.
______. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. In: Magia e técnica, arte
e política. São Paulo: Brasiliense, 1994.
______. O Surrealismo: o último instantâneo da inteligência européia. In: Magia e
técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1994.
CHKLOVSKI, V. A arte como procedimento. In: Teoria da Literatura (Formalistas
russos). Poa: Globo, 1971.
DERRIDA, J. A estrutura, o signo e o jogo no discurso das ciências humanas. In: A
escritura e a diferença. São Paulo: Perspectiva, 1995.
MAIAKOVISKY, V. Como fazer versos. In: Poética. São Paulo: Global, 1977.

Livro-rosto

15 maio

HISTORICUS LECTOR, administrador da nova frente de comunicação do grupo de pesquisa em História, Literatura e Sociedade: as redes – menos históricas e literárias, e mais – sociais.

Perfil no FACE BOOK: http://www.facebook.com/profile.php?id=100003880506200.

Imagem: O bibliotecário (1566), de Giuseppe Arcimboldo.

Grupo de pesquisa

14 maio

O grupo de pesquisa História, Literatura e Sociedade reúne professores e estudantes de graduação, pós-graduação, pós-doutores e membros externos à universidade (professores da rede pública e privada de ensino) interessados em refletir acerca das conexões entre história e literatura e suas múltiplas expressões e manifestações na sociedade. Seu objetivo é reunir pesquisadores e promover estudos cujo foco são os encontros e desencontros entre história e literatura.Esse grupo não se define apenas pela área que abarca mas, principalmente, pela amplitude do que pretende abranger: os diferentes aspectos sociais, políticos, culturais e econômicos da relação entre história e literatura, conectando esses aspectos em explicações totalizantes.